quarta-feira, fevereiro 21, 2007
Enfiada
no seu vestido em tom pastel
Maria desce a calçada
apressada
em direcção ao cais.
Caminha depressa.
Um sabor da saliva, atravessa-lhe o pensamento.
Quase corre, como se fosse amarrada ao vento
Por um cordel
Saliva do beijo que ela espera encontrar
nos lábios de mel
do seu amante Joel.

Maria no doce mundo da ilusão
tomou a decisão.
Atou a consciência a um cordel.
Enfiou-se no seu vestido pastel,
pintou sonhos a pincel,
e trocou por um dia,
o João pelo Joel.

O João regressa a casa
mais cedo que o habitual.
Facto pouco normal.
Sem que a Maria dê por nada.
E por nada dar
nada Maria podia.
Enquanto na calçada, esta
nessa mesma hora, para casa corria, corria, corria.

Telefone desligado,
Não deixou bilhete,
Não deixou recado,
Apenas deixou o João preocupado.

João recebe em casa a Maria
e questiona a mulher.
Afinal queria saber
o que lhe acontecera nesse dia.
E Maria deu-lhe a resposta,
Que ele tanto ansiava,
Que ele ouvir tanto queria.

Respondeu-lhe Maria:
Atrasei me como podes ver,
que outra coisa poderia ser?
Desculpa, meu querido
Marido,
Ou por onde julgas tu que andaria,
enfiada neste miserável vestido em tom pastel?
Se assunto importante fosse,
prometo que te diria,
Mas o meu telefone estava sem bateria.
 
posted by lucas nihil at 2:39 AM |