quinta-feira, junho 29, 2006

Ontem sonhei que era Deus, e olhava para os Homens, sem saber o que fazer por eles.

Tive um sonho surrealista, eu sonhei que era Deus, deformado pela sapiência em que vi os Homens em busca da vã vaidade, numa irresistível sede pelo Saber fácil.

E reparei que os Homens andam a serem enganados, não são mais que produtos aculturados, sem ter uma linha que os conduza, são pobres espíritos à procura do consumo e facilidades fúteis.

Enquanto sonhava via, os homens e as mulheres, à procura nas cartas do esoterismo astrológico a busca do Saber, é uma demanda mais fácil este tipo de busca pelo Saber, que vos leva até vós o total conhecimento, o niilismo.

Assim, sois Homens pecadores sem rede em trapézios de colunas onde não alicerçam o Saber, nem a verdadeira essência de quem sois.

Que procurais homens ? Sonhava eu.

Perdidos neste mar de tortura, de horas suspensas sobre a ponte pênsil da aflição em que o vil metal vos tolda a razão, que procurais homens, será o amor?

Que amor é esse que vos provoca a imaculada inveja, pelo próximo em favor do desfavorecimento do próximo.

Sonhei que era Deus, e senti o cheiro dos vossos egos traumatizados, egos que se rebolam na lama, e se deitam na cama, afiando o gosto pelo poder que na lama, na cama, vendem assim a vossa condição.

Prostituindo-se e conhecendo a pessoas certas, vendem as vossas miseráveis almas, em troca de uma posição de destaque, de uma profissão de futuro, que vos assegure esta pobre existência ridícula, feita de fachada sem som onde os muros de silencio vos tapam as vossas pobres mentes tão mal regadas.

Se sonhei ser Deus, interrogava-me porque teria deixado crescer estas ervas daninhas que contribuem para que o Homem; produto da cultura, seja actualmente uma sociedade produtiva de pessoas que não distinguem o trigo do joio.

Que vós homens e mulheres, que procuram o sustento, que trabalham para levar o pão à boca e que preocupam-se cada vez mais com a saúde, que de bem essencial, nunca ouve Homem em perfeito juízo que não o negasse que assim fosse, que por ultimo como fonte de alimento e sustento para a alma deveria ser a busca do Saber, não o fazem.

Se eu sonhei ser Deus, foi um sonho descabido e surrealista, porque no meu sonho vi almas pequeninas sem querer desperdiçar o tempo a ler um a bom livro, um bom filme, um bom bailado.

São as novelas que vos dominam a vida, são as pobres televisões sensacionalistas, que vos cegam e contribuem para vos criar os filtros culturais que aos vossos olhos sem moral, vos desmoralizam e vos cegam, que homens e mulheres na vossa mesquinha e vasta timidez de querer ter coragem e de mais querer, sois Homens de pouco saber e que pouco sabem. Pois o Saber não é mais que uma ferramenta que se utiliza em nosso favor, uma ferramenta que nos leva a ser quem nós nunca pensamos que poderemos um dia ser.

O meus sonho foi deveras real e tornei-me irado!

Quem vos guia o espírito nesta árdua caminhada, sois homens que não sabeis bem actualmente qual é o vosso lugar, onde as mulheres se sentem cada vez mais reprimidas e assustadas, dizem elas.

Carreira, ter filhos, ter boa presença, ter o culto do corpo. E o culto da imagem, é extenuante.

Então vós coitados, que por destino assim Deus ou lá o quem seja que nos criou, sonhava eu, quis-vos homens, perdidos a caminhar num deserto, numa perda constante de identidade, sem saber muito bem qual o papel que a actual sociedade vos reserva.

Elas, mulheres, até dizem que não compreendem os homens, aqueles bichos estranhos que são todos iguais, mas preocupam-se tanto em escolher.

E eles andam perdidos, num deserto de solidão. Não pedem muito, pedem é apenas aquilo que não devem pedir.

Que pobres homens fúteis e desinteressantes que a nossa sociedade edifica, que pobres mulheres banais se estruturam na nossa presente sociedade.

Que fascismo o meu por emitir tal opinião. Que abuso da escrita para emitir tal opinião sou eu capaz.

Mas se o faço, é apenas por uma razão. Faço-o porque posso. Simplesmente.

Faço-o porque tive um sonho e tinha de desabafar.

Quando acordei, aliviado respirei, e perguntei-me, se isto não passasse de um sonho seria muito triste, que cultura andamos a produzir para as gerações vindouras?

Por fim, a ultima pergunta e a única.

Porque será que cada vez mais há homens e mulheres, cada vez mais, fúteis, banais e desinteressantes?

 
posted by lucas nihil at 1:26 AM |
sábado, junho 03, 2006
foto analógica por lucas nihil
vejo trincheiras
e um soldado em chama
traz entre ele e o peito
uma flor vermelha

( os campos dos poemas
rompiam esta triste guerra
sem fazer sentido )

e ele
com o cheiro da pólvora
a ecoar no seus lábios
andava à procura dos teus beijos

ainda o vi
uma última vez
trazia no peito
um buraco escavado de vazio

: - são coisas que só um coração
sabe sentir, quando bate sozinho

disse-me ele, moribundo

……….
 
posted by lucas nihil at 1:23 AM |
quinta-feira, junho 01, 2006
Eu fui a trote no meu cavalo
voando sobre nuvens
de desespero
segurando as suas crinas de solidão
enquanto o meu coração
se debruçava sobre o seu dorso
sentia o meu peito em fogo
a quebrar em dor

sobre a imensidão do ruído branco que respiro
com maldade
perfurei as esporas na minha carne
obrigando o meu cavalo à fúria do galope

o meu cavalo lambe do mar o sal
e salpica-me com a espuma das lágrimas
que tudo fere e tudo cura
cavalga sobre os sulcos da minha pele
que o suor dos meus poros a minha vontade impele
 
posted by lucas nihil at 10:54 PM |